Sendo bem realista, vejo que realmente estamos em uma fila que não pára de andar. E é claro que não queremos ser o próximo. Mas em uma fila que anda, e muito depressa por sinal, é fatídico o momento desta chegada. Um horripilante pensamento. Não quero morrer agora. Mas alguém poderia dizer: "você está na PM porque quer! Saia!" Isso é verdade. Não estou acorrentado a ela, embora alguns possam imaginar. Mas não estou. E olha que a vontade de dar baixa me passa umas duas ou três vezes por dia. Ora bolas, mas morrer todo mundo vai. Fato. Contudo bom mesmo é morrer quando velho, depois de formar uma família, ter filhos e tudo mais. Viver. Viver antes de morrer. E é exatamente isso que me preocupa bastante. Na PM, não vivemos! Não na PMERJ. Então, se porventura morrermos, tudo acaba sem proveito algum. Isso não é justo.
Por isso queremos mudanças. Para que antes de morrer, tenhamos pelo menos uma vida digna. Isso é o mínimo. Não estamos aqui, perdendo nosso tempo pensam alguns, escrevendo nossos desabafos em nossos blogs à toa. É o que podemos fazer, pois é um direito constitucional. É o princípio da liberdade humana. O fato de eu ser um militar não deve impedir meu direito ao livre pensamento. O pensamento não machuca ninguém. Lê isso aqui quem quiser. Por isso falo o que quero e quando eu quero. Pelo menos aqui neste espaço. Isso incomoda alguns, é claro, pois aqui podemos falar e expor a realidade nua e crua, em todos os aspectos. FORA DITADURA!
E o que exigimos é somente o respeito. À minha pessoa, ao meu ser. Quero e exijo ser respeitado. Se o governador está interessado em ficar viajando pelo mundo afora enquanto o circo pega fogo não é problema meu, pois eu não votei nele. Que viaje mesmo. Eu não pago a viagem dele. Quem paga é o contribuinte. Portanto, é só votar consciente na próxima vez.
Desrespeito do oficial ao praça: não estou nem aí. Já falei isso aqui e torno a repetir: quando morrermos, deitaremos em um mesmo caixão. Pode ser oficial, praça, não interessa. O que interessa de verdade é o que fomos em vida. O que fizemos em vida. Como seremos lembrados em vida. Eu tenho certeza que serei bem lembrado. Faço de tudo para ajudar os outros. Estou sempre dando sorriso. Mesmo estando cheio de problemas. Estou sempre disposto à ajudar. E não é por causa de militarismo não. E tampouco foi a PMERJ que me ensinou. Foram meus pais que me ensinaram a ser o que sou hoje.
E não estou tentando me enganar. Sei que a Polícia Militar é um sorvete. E que está derretendo depressa. Ninguém faz nada para mudar por quê? Porque não é interessante ora bolas! Se fosse já teria mudado. Poxa, eu sou um soldado. Em um ambiente militar e altamente hostil. Dentro da corporação sou maltratado por ser soldado. Fora, sou maltratado por ser policial militar. Ganho pouco, não tenho carro, ando mal vestido. Não tenho vergonha. Não sei roubar. Bem, por que continuar então? Sou soldado mas não sou burro. É usá-la como trampolim. Como todo policial novo que ingressa na instiuição. É agarrar alguma coisa enquanto outra não aparece. E olha que estamos falando de Segurança Pública! Dever do Estado e obrigação de todos. Não é a padaria do Seu Joaquim da esquina não! É um emprego público, na capital cultural do planeta. E eu penso em usá-la como trampolim.
Bem, não tenham pena de mim. Tenham pena daqueles lá de cima. Que se escondem atrás de suas estrelas e não tem vergonha na cara suficiente para lutar por sua Instiuição. Não são todos. Mas sim aqueles que têm o poder na mão e nada fazem. Para estes sim, a minha ríspida e obrigada continência. Para o resto, minha honrada continência e uma boa semana.