Dia desses, como costumeiramente fazemos todos nós trabalhadores, ao alcançar o destino (no meu caso, o quartel), parei, como praxe obrigatória, para ser identificado e enfim poder estacionar meu veículo.
Uma tarefa simples. Mas se tratando da PMERJ, não podia ser diferente para nós, Praças da Corporação. Estacionar o veículo, cadastrado, documentação em dia, é uma tarefa árdua, como se os policiais militares que ali se encontram de serviço, no controle do estacionamento, estivessem prestando um favor ou mesmo, como se estivessem guardando uma vaga própria.
Uma tarefa simples. Mas se tratando da PMERJ, não podia ser diferente para nós, Praças da Corporação. Estacionar o veículo, cadastrado, documentação em dia, é uma tarefa árdua, como se os policiais militares que ali se encontram de serviço, no controle do estacionamento, estivessem prestando um favor ou mesmo, como se estivessem guardando uma vaga própria.
Neste exato momento fui então informado que não havia vagas no quartel. Indaguei que havia dezenas, pois os cones estavam ocupando espaço destinado as mesmas (dezenas de vagas reservadas).
Não discuti. Apenas informei que estava de serviço e que havia dirigido 68 quilômetros e que não poderia pagar uma vaga nos arredores do aquartelamento. Obviamente não era culpa do Praça que ai estava, mas sim dos oficiais que teimam em usar a instituição para fins particulares.
Como policial que sou, saí do quartel e dei a volta no quarteirão, onde estacionei numa vaga regular, da Prefeitura do Rio, do tipo rotativa que, ao final do dia, seriam cobrados mais de 60 reais. Pois bem. Retornei à entrada do quartel e fiquei observando que alguns carros eram bloqueados (praças, como eu), mas outros adentravam livremente. Veículos sem identificação, inclusive. Estranhei. Mas era óbvio que se tratava de oficiais. Fui levantar mais informações para saber o porquê do tal privilégio.
Ao adentrar no quartel, pela passagem de pedestres, percebi que o estacionamento seria utilizado para um evento (?!?) e que o pátio estava reservado somente para oficiais da corporação que iriam participar do tal evento. O evento? Um almoço de confraternização de turma (não sei qual, mas possivelmente uma turma de Coronéis, de algum ano da década de 80, possivelmente de 1983).
Nota-se, logo de cara, que para virem se divertir, ou seja, para interesse privado, o estacionamento é garantido; mas para o interesse público, as vagas não são permitidas para o policial que vai trabalhar.
O Policial Militar do Rio de Janeiro (praça) é um inquilino na sua Corporação. Ele não se sente acolhido pela sua própria instituição. E ainda querem que nós estejamos sempre à disposição dos lordes feudais.
Uma Instituição falida, com certeza. Por isso é tido como o maior trampolim empregatício do Estado. Sorte a minha ter desistido no meio do caminho do último processo seletivo para o Curso de formação de Oficiais.
Alguém aí imaginou que eu desejo ter o mesmo “privilégio” que eles? Se isso for privilégio... Se ter uma vaga cativa, ferindo o interesse público, é sinônimo de privilégio, prefiro pagar do meu bolso e continuar com a minha honra íntegra, como um administrador deve fazer, sem ter que me vender por um lugar que somente exige a pontualidade no serviço e se esquece completamente das condições em que o serviço será exercido. Somos inquilinos nessa Instituição. A Corporação pertence a eles (Oficiais). Sim. Não temos dúvida quanto à isso. Uma casa tão mal gerida e tão suja que quando mencionam que a mesma é deles eu acredito piamente. Um lugar tão mal administrado só poderia ter no “comando” tais oficiais. Praça que é praça não se sujeitaria a ser dono de uma casa tão suja quanto a Policia Militar.